O município é conhecido como o maior produtor de queijo e por possuir a maior bacia leiteira do Estado do Amazonas
Uma audiência pública realizada em Autazes (a 113 km de Manaus) na última sexta-feira (23), discutiu sobre a demarcação de terras, tendo em vista o impasse entre indígenas e pecuaristas da região. Autoridades das esferas federal, estadual e municipal estiveram presentes, assim como representantes de orgãos estratégicos na discussão do tema, que girou em torno do fator econômico. A audiência foi solicitada pelo vereador José Tadeu Cabral Martins (PSC), sendo aprovada na Câmara Municipal de Autazes com o apoio da Prefeitura Municipal de Autazes.
“Uma pauta importante para a economia de Autazes, e nós queremos encontrar um caminho que possa fortalecer a nossa economia, o povo indígena e o não indígena. Aqui tem algo muito preocupante e que nós não podemos concordar, porque aqui tem um povo bom, um povo trabalhador e hospitaleiro, um povo que não tá pedindo migalha, não tá pedindo esmola, só quer o direito digno e certo de trabalhar e sustentar a sua família com o suor do seu trabalho. Não queremos vier de auxílio. Esse tema não mexe apenas com um ou com outro segmento, é de interesse de toda a população de Autazes”, disse o prefeito Andreson Cavalcante (União Brasil).
É de conhecimento que o município de Autazes, por toda a sua tradição como o maior produtor de queijo e por possuir a maior bacia leiteira do Estado, tem no setor primário, especialmente na pecuária, sua principal atividade econômica, que contribui para a geração de emprego e renda desde a sua fundação. O município é conhecido tradicionalmente como a terra do leite e do queijo.
“A gente vê uma enorme preocupação perante a demarcação de terras indígenas no município de Autazes, visto que em Autazes tem um rebanho de mais ou menos 76 mil animais, que contempla 1.165 produtores, a produção é familiar, há uma harmonia entre os produtores e os indígenas, visto que 80% da mão de obra dos produtores vem dos indígenas. Autazes foi contemplado com um selo internacional que está entre os melhores queijos do mundo. A pecuária tem mais de um século, não podemos deixar isso acabar, temos que caminhar juntos com os indígenas, arranjar solução”, reitera Gibson Diego Martins, produtor de Autazes, presidente da Proqueijo e médico veterinário no município.
Edward Luz, consultor da Human Habitat, Antropólogo Social, representante e parceiro do Movimento Nação Mestiça, explicou as dificuldades e a forma como o processo está acontecendo nas áreas em discussão.
“Estamos na audiência pública para expor à população de Autazes as dificuldades e até ameaças que nós enfrentamos com as reinvidicações territorais indígenas, que podem gerar demarcação de mais outras nove ou dez terras indígenas na região afetando centenas de propriedades, milhares de pessoas e famílias. Nós precisamos pedir o apoio dos municípios afetados, das Câmara Municipais para que criem comissões de estudo e pesquisas para contestar essas reivindicações naquilo que for exagerado, que for frauduleto, que for sem fundamento. Não somos contra as demarcações desde que elas sejam corretas, somos contra os exageros, aquilo que é ilegal, irregular, e sobretudo, o oportunista que deseja mais do que tem direito”, disse Luz.
Ao final da audiência foi proposto pelo Antropólogo Social, a criação de um grupo de trabalho com representantes das secretarias municipais para que junto com os vereadores, que criariam uma comissão de estudos parlamentares, para avaliar as reivindicações, avaliar e apresentar contestações mais fundamentais à (Funai), ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal.
Além do prefeito: Andreson Cavalcante e do vice Marcelo Tupinambá (Republicanos), participaram o deputado federal Fausto Júnio (União Brasil); Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura; representantes da Suframa, Sepror, Nação Mestiça, além dos vereadores de Autazes Markley Araújo, Gleison Lopes, Daniel da Pesca, Daniela Sampaio, Fernando Oliveira, Tadeu Cabral, Ramom Campos, Josivan Pinheiro e Renê Melo.
Fotos: Marcos Mello e Silas Laurentino
Fonte: Assessoria de Imprensa PMA