“A mobilização de atores públicos e privados em resposta ao risco de vazante dos rios na região amazônica, especialmente em torno do Polo Industrial de Manaus, é uma questão crítica que requer atenção imediata e ação coordenada. Parcerias e planejamento conjunto. De quebra, essa mobilização terá garantias previas de bons resultados.”
Por Nelson Azevedo (*) nelson.azevedo@fieam.org.br
O Polo Industrial de Manaus, um dos mais importantes centros econômicos do Brasil, enfrenta desafios únicos devido a sua localização na Amazônia, onde a logística de transporte depende significativamente da navegabilidade dos rios entre outras peculiaridades.
A possibilidade de uma nova vazante severa dos principais rios da região coloca em risco não apenas a continuidade operacional das empresas aqui instaladas, mas também o abastecimento e bem-estar da sociedade local e nacional.
Papel do Poder Público Federal
O Governo Federal tem um papel crucial no provimento de infraestrutura logística essencial, especialmente no que diz respeito ao sistema de transportes. Para o PIM, isso implica investimentos significativos na manutenção da navegabilidade dos rios, que são as artérias vitais para o transporte de mercadorias e pessoas na região.
Afinal, podemos e queremos chamar nossos rios de hidrovias desde que instalados o balizamento, a dragagem sustentável e adoção de tecnologias disponíveis.
A realização de dragagens permanentes, melhorias na sinalização e na conectividade ao longo dos rios são medidas essenciais para garantir que as hidrovias sejam navegáveis durante todo o ano, reduzindo os custos logísticos e mitigando os riscos de desabastecimento.
Atuação do Estado e dos Municípios
Enquanto o Governo Federal foca na infraestrutura de larga escala, os governos estadual e municipal têm o papel de complementar essas ações com medidas locais – limpeza dos igarapés, campanhas educacionais – e o fortalecimento do debate e enfrentamento dos problemas específicos da região. Os rios não são lixeiras e sim fonte de vida e alimentação.
Isso inclui o planejamento urbano e regional que leve em consideração os desafios logísticos impostos pela geografia amazônica, bem como a promoção de parcerias público-privadas para projetos de infraestrutura que beneficiem diretamente o Polo Industrial e as comunidades ao redor.
Colaboração Público-Privada
A reunião conduzida pela Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) e pela Defesa Civil, na semana passada, que reuniu lideranças empresariais para discutir estratégias de enfrentamento das vazantes, é um exemplo claro da necessidade de colaboração entre o setor público e privado.
As empresas, ao lado do governo, devem trabalhar juntas para desenvolver planos de contingência que minimizem as interrupções nas operações e garantam a continuidade dos negócios e o bem-estar da população.
Não faz sentido impor tarifas adicionais de serviços em tempos de crise hídrica quando todos devem estar alinhados para não sobrecarregar elos setoriais deste alinhamento.
Recomendações permanentes
Investimentos Contínuos em Infraestrutura: O Governo Federal, em parceria com estados e municípios, deve garantir investimentos contínuos na infraestrutura de transporte, especialmente em hidrovias, para assegurar a navegabilidade dos rios o ano todo.
Para tanto, é importante que a representação parlamentar seja envolvida para assegurar previsões orçamentárias para este fim.
Planejamento Integrado
É crucial um planejamento integrado que envolva todos os níveis de governo e o setor privado, com foco em soluções sustentáveis e de longo prazo para os desafios logísticos da região.
Todos sairão ganhando com mais empregos, oportunidades e incremento de arrecadação. Isso inclui o fortalecimento e incentivos na formação de parcerias público-privadas para a execução de projetos de infraestrutura crítica, compartilhando recursos e conhecimentos.
Planos de contingências e campanhas educacionais
Precisamos adotar a cultura da previsibilidade e implementar planos de contingência robustos, que permitam rápida resposta a vazantes severas e outros desastres naturais, minimizando impactos sobre a economia e a sociedade. São medidas que devem estar conectadas a campanhas de valorização e proteção ambiental.
“O rio comanda a Vida”. Em lugar de propagandas de fulanizações, é preciso promover campanhas de comunicação e educação para sensibilizar a população e as empresas sobre a importância da gestão sustentável dos recursos naturais e da preparação para situações de emergência.
Premissa social, ambiental e econômica
A mobilização de atores públicos e privados em resposta ao risco de vazante dos rios na região amazônica, especialmente em torno do Polo Industrial de Manaus, é uma questão crítica que requer atenção imediata e ação coordenada. Parcerias e planejamento conjunto.
De quebra, essa mobilização terá garantias prévias de bons resultados. Que outra saída teríamos para enfrentar os desafios impostos pela geografia da Amazônia e seu ciclo das águas?
Somente através de esforços conjuntos e integrados será possível garantir a resiliência e a prosperidade econômica da região, seu desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente e equilibrado, além de economicamente viável.
(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.