Por Fabiano Bó, coronel da Polícia Militar, especialista em Política e Estratégia
Secretário de Estado e Chefe da Casa Militar do Amazonas
O século XXI será lembrado como o tempo em que o mundo foi forçado a encarar seu próprio reflexo. Um tempo em que os efeitos das escolhas passadas deixaram de ser previsões e passaram a ser evidências. Nunca os alertas da comunidade científica soaram tão claros. O planeta aquece, os eventos extremos se multiplicam, os ecossistemas colapsam, e a biodiversidade desaparece a uma velocidade alarmante. É nesse espelho que a humanidade começa a enxergar, sem filtros, as consequências do desequilíbrio que impôs ao meio ambiente.
A Amazônia, nesse contexto, não é apenas um cenário. É protagonista. A floresta que cobre milhões de hectares e abriga uma das maiores reservas de vida do planeta tornou-se também símbolo de contradição: potência ambiental e alvo de destruição. A pressão sobre seus recursos naturais é imensa, motivada por interesses diversos e, muitas vezes, incompatíveis com a conservação. Mas é também aqui que se experimentam soluções. Aqui se toma a linha de frente de uma batalha que não é regional. É planetária.
Com consciência da responsabilidade que carrega, o Governo do Estado do Amazonas tem respondido com ações práticas e planejamento estratégico. A gestão ambiental vem sendo tratada como prioridade e como política de Estado, não apenas de governo. Há um esforço concreto para conter o avanço do desmatamento, fortalecer a fiscalização, promover o uso sustentável da floresta e investir em modelos econômicos compatíveis com a conservação da natureza. Esse compromisso tem se traduzido em medidas efetivas e articuladas.
Em 2023, mais de R$ 76 milhões foram destinados a programas de proteção ambiental. Esse investimento se concretizou na modernização do monitoramento remoto, no reforço das operações integradas de combate a ilícitos ambientais e na atuação coordenada com instituições federais e internacionais. O Estado passou a detectar desmatamentos com mais precisão e rapidez, o que permitiu uma resposta mais ágil em áreas críticas.
Ao passo que combate os impactos ambientais, o Amazonas também investe no desenvolvimento sustentável. A valorização da bioeconomia vem promovendo uma nova lógica de crescimento, que fortalece cadeias produtivas sustentáveis e estimula a geração de renda com base na floresta em pé. Trata-se de uma abordagem que não apenas aponta responsabilidades, mas oferece alternativas. Não se trata de acusar o produtor, mas de construir com ele soluções duradouras e viáveis.
O modelo de desenvolvimento defendido pelo Estado parte de uma premissa simples, porém urgente: a floresta precisa valer mais em pé do que derrubada. Essa não é uma frase de efeito, mas um princípio de ação que orienta políticas públicas e decisões estratégicas. Promover a bioeconomia, estimular o manejo sustentável, apoiar comunidades tradicionais, atrair investimentos verdes. Tudo isso converge para um mesmo objetivo: garantir que a conservação ambiental seja uma escolha viável, e não um sacrifício imposto.
A pauta ambiental, no entanto, não pode ser tratada de forma isolada. Ela exige transversalidade e articulação. Por isso, segurança pública, educação, infraestrutura e defesa civil têm sido integradas às estratégias de preservação. O combate a crimes ambientais, por exemplo, deixou de ser apenas uma missão de órgãos ambientais. É uma frente de atuação conjunta, que envolve forças de segurança, inteligência e logística. Ações como a Operação Tamoiotatá, fortalecida nos últimos anos, demonstram como a presença do Estado tem se tornado mais efetiva em territórios sensíveis, com resultados concretos.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, é necessário reafirmar que a proteção da Amazônia não é retórica. É responsabilidade. E não é responsabilidade de um único ente federativo, mas de todos: governos, empresas, cidadãos. O que está em jogo não é apenas um bioma ou uma porção de território. É o equilíbrio climático global. É a capacidade de garantir água, ar limpo, alimento, saúde e dignidade às próximas gerações. E o Amazonas, ciente de sua relevância, escolheu não se ausentar desse chamado.
Assim, o Amazonas não se esquiva de seu papel. Assume-o com clareza, com firmeza e com a consciência de que proteger a floresta é proteger a própria humanidade. Em um tempo em que o mundo se vê diante do espelho, cabe a cada governo, a cada instituição e a cada cidadão decidir o que refletirá essa imagem: a omissão ou a coragem. O futuro nos julgará não pelas intenções, mas pelas escolhas. E o Amazonas escolheu agir. E continuará a agir, porque não existe neutralidade quando o planeta pede socorro.